História da educação musical II

Posteriormente, a idade média e a renascença surgem a idade moderna e o pensamento cartesiano no século XVII. As mudanças epistemológicas que acontecem nesta época irão influenciar o pensamento ocidental nos próximos séculos.
A educação musical não fica de fora deste processo histórico e científico. O raciocínio lógico-matemático de Descartes é o centro de todo conhecimento .
A investigação é baseada em dados objetivos e o caminho para se chegar na suposta verdade é por meio de idéias claras e distintas.
Na educação musical, os conservatórios criados no período renascentista, estarão focados para o profissionalismo musical. Vale lembrar, que esta transformação só ocorrerá de forma sistematizada no século XVIII
Nova perspectiva social a respeito da criança
A educação musical também é influenciada pela perspectiva social que influenciou as escolas regulares. Esta perspectiva vê a criança com outros olhos na idade moderna, diferente da idade média e renascença. Assim, segundo Philippe Ariés, no século XVII ocorrem dois fenômenos diferentes:
Especialização demográficas das idades: Infância dividida em classes de 5-7 e 10-11
Especialização social: Dois tipos de ensino, um para o povo e outro para a burguesia e aristocracia.
Contudo, mesmo que a educação musical tenha sido influenciada pela nova visão sobre a criança, no começo da era moderna a educação musical ficou centrada na relação mestre-discípulo. Neste sentido, foi só no século seguinte que o ensino de música recebeu uma sistematização
Educadores, pensadores e educação musical - Rousseau
O século XVIII foi permeado de filósofos e educadores que analisaram o valor da música na educação e nas escolas. O primeiro destes teóricos é Jean-Jacques Rousseau, o filósofo da natureza. Para este pensador o homem é originalmente bom, sendo a sociedade que o corrompe. Rousseau foi o primeiro pensador da educação a esquematizar a educação musical para crianças.
Para o pensador as canções devem ser simples e não dramáticas. Por meio das canções a criança pode chegar na flexibilidade, sonoridade e afinação. Para ele, nos primeiros anos a criança não deve ter lições de leitura musical.

Pestalozzi
Na mesma linha de Rousseau surgem outros pensadores e educadores que atribuem a música, uma grande importância na educação infantil e para jovens.
Johann Heinrich Pestalozzi, um educador suiço propõe como Rousseau, uma educação musical voltada para prática e experimentação de cunho afetivo.
Vale lembrar que a pedagogia experimental é algo que se cultiva muito nos dias atuais, fato que nos faz ter ideia da modernidade de Pestalozzi e de seu pensamento avançado para época.
A proposta de Pestalozzi antecipa muitas proposta da escola nova e do construtivismo em relação a música, basta ver os princípios de Pestalozzi para a educação musical
Ensinar sons antes de ensinar signos
Incentivar a observação auditiva e a imitação de sons, tornando aprendizado ativo e não passivo
Ensinar um elemento da música por vez: Ritmo, melodia e expressão, antes de qualquer execução de uma partitura.
Fazer a criança trabalhar cada elemento musical antes de passar para o outro

Friedrich Herbart
Este educador alinha-se com as ideias naturalistas de Pestalozzi e Rousseau. Contudo, a proposta de Herbart vai de encontro a um conservadorismo científico.
Para ele, a música tem que ser desenvolvida por meio de uma rotina de atividades e valoriza dados da psicofísica e da psicologia nascente na época.
A suas idéias a respeito do ensino da música influenciou muito o pensamento educativo musical norte-americano.
A sua educação musical é uma metodologia linear que desenvolve em 4 princípios:
Partir do conhecido
Associar o novo ao já adquirido
Basear a didática na experiência mental do aluno
Obedecer os passos da aprendizagem: esclarecimento, associação, sistematização e articulação

Conclusão
Para concluir vimos até aqui como foi sistematizado o ensino musical no século XVIII. Neste sentido, podemos vislumbrar a influência do pensamento cartesiano na educação musical e também do naturalismo.
Contudo, os conservatórios que existiam na renascença continuaram a existir só que para um ensino profissionalizante que se sistematizou ainda mais no romantismo. Vale lembrar, que este ensino profissionalizante ainda existe e são preparatórios para músicos de orquestra e músicos profissionais.