O que podemos falar sobre o impacto da música na cultura e sociedade é infinito pela sua dimensão histórica e simbólica. Portanto, essas duas dimensões da música farão dela uma arte de grande impacto na cultura e na formação de sociedades em todo mundo e civilizações.
Podemos começar pelas civilizações antigas até mesmo às do período paleolítico para mensurar seu impacto sociocultural. Porém até nossos dias em que sociedades de diferentes formatos convivem contemporaneamente a música possui muitos valores.
Hoje a música trafega e interage no meio tecnológico das trocas virtuais. Neste sentido, a música que é trocada no meio cultural urbano não possui mais um suporte concreto, pois ela está no formato digital não estando mais em um CD ou em um disco de vinil.
Assim, podemos deduzir que ela está em uma dimensão virtual juntamente com textos e imagens que residem nessa dimensão.
Simbolismo e tecnologia
A música está presente em religiões de variadas matrizes estando presente em ritos e cultos de muitos formatos: religiões ocidentais como católicas, protestantes, adventista; religiões africanas de várias linhas; religiões indianas e orientais, e muitas outras.
No entanto, o que podemos concluir com a música no mundo atual é que ela trafega com muito mais velocidade e com muito mais quantidade informativa.
Neste sentido, se tenho um computador conectado a internet e eu quero ouvir uma orquestra de gamelão do extremo oriente eu posso ouvir apenas com alguns toques no teclado do computador ou até no controle de uma TV smart.
Este fato tem um impacto social e cultural que não podemos nem dimensionar ainda, pois é um fato muito dinâmico.
A música na pré-história
O impacto sociocultural da música nos remete ao mundo pré-histórico onde a música junto com a arte tinha alguns atributos místicos e culturais segundo alguns arqueólogos.
Por meio das pinturas rupestres podemos ver o homem primitivo tocando seus instrumentos rudimentares como espécie de flautas feitas com ossos furados de animais, geralmente de pássaros. Contudo, o ser humano estava cercado por sons da natureza, o que se deduz que se inspiraram nesses sons para a sua musicalidade junto com a construção de seus mitos.
Algumas descobertas recentes nos permitem concluir que a música já existia há muito tempo atrás. Pois arqueólogos da Universidade de Tubingen na Alemanha descobriram restos de flauta de mais de 35 mil anos, o mais antigo instrumento musical encontrado no mundo.
Estes mesmos arqueólogos deduziram que a música foi um fator cultural que influenciou até na afirmação e preservação da espécie humana, pois afirmou a superioridade do homo-sapiens em relação ao neandertal
Música do oriente, África e povos originários
Não se sabe muito sobre a prática de música na antiguidade de quatro mil a.c. a 500 a.c. As primeiras civilizações que a possuíam estavam localizadas, na maioria, nas regiões mais férteis ao longo das margens de rios na Ásia central. Assim, rio Indo na índia, rio Nilo no Egito e no rio Huang He ou rio amarelo, na china.
O sistema modal contempla a música dos povos africanos, árabes, chineses, e até alguns povos originários da América latina. Na cultura dessas sociedades o modo não é apenas um conjunto de notas, mas uma estrutura sonora simbólica.
Esta estrutura é dotada de poderes místicos, nesse sentido a música representa o universo modal representado em suas cosmogonias. A música modal elege um eixo harmônico fixo sobrepondo ritmos irregulares sobre um pulso, onde se constrói uma textura sonora composta por instrumentos e vocais.
É comum esta estruturação nas percussões africanas a nas de Bali, na polifonia dos pigmeus, nas músicas árabes e indianas.
História da Música Chinesa
A história da música chinesa nos remete a antigas teorias da música, uma delas é o tratado cerimonial clássico que relaciona a escala pentatônica a modelos políticos e religiosos, como o equilíbrio entre o céu e a terra.
Céu: se correspondia aos sons agudos, claros e distintos.
Terra: sons graves, fortes e poderosos.
Em sua estrutura musical, os chineses representavam as notas com aspectos da vida pública;
Nota Kong (fá) – representa o imperador
Chang (sol) – os ministros
Kyo (lá) – o povo
Tché (do) – os negócios
Yu (ré) – os objetos
Música na índia
Alguns registros de milhares de anos revelam que a música indiana foi composta inicialmente de poesia cantada com ritmo, com o passar do tempo essas melodias fixas integraram a vida social e cultural do povo indiano.
Portanto, cada profissão dentro da sociedade indiana, possui a sua música, assim, o pastor, o vaqueiro e o canoeiro todos tem suas canções que acompanham o ritmo de seus trabalhos.
Contudo, a música indiana é também centrada na improvisação e possui caráter emotivo e descritivo. O sistema musical indiano é fundamentado nas ragas. Estas ragas são conjuntos de notas que devem ser emitidos cada qual em determinadas horas e estações. As ragas também são estados de alma, que são memorizados pelos executantes. Pode haver cerca de 800 ragas, mas são utilizadas, na prática, apenas 63.
A música judaica
O entendimento da música judaica é muito importante para termos uma ideia da transição entre as músicas de antiguidade e a primitiva música medieval cristã. Como eram proibidos de representar Deus por imagens, eles centraram sua força criativa na música e na poesia que serviam para a propagação da religião.
A propósito, Davi um dos reis judaico é representado com uma harpa na mão. A dispersão do povo judeu pelo mundo levou a musicalidade oriental para Europa. Portanto na música europeia encontramos vestígios orientais em várias épocas e regiões.
A música como proposta religiosa de propagação e ensino bíblico e cerimonial tanto em igrejas católicas como protestantes impactou as sociedades da idade média ao período clássico.
A música no período romântico
Basicamente o período romântico na música ocidental possui um impacto sócio-cultural diferente. Neste sentido existe nesse estilo a entrada do conceito da emotividade e do espírito humano.
Para Hegel, filósofo alemão do século XIX, a música colocava o espírito em sons dispostos em determinados modos e em determinadas relações.
Para Hegel, o conteúdo musical é a transmissão pessoal e social do compositor.
A música do período romântico marca como será a simbologia musical até nossos dias. Ou seja, a música fica independente de suas acepções religiosas e atua diretamente sobre a sensibilidade de cada ouvinte.
Neste sentido, a música não produz um sentimento subjetivo indefinido, mas produz uma emoção coletiva uniforme.
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