O campo harmônico é campo de acordes que são gerados por cada escala do sistema tonal. No entanto, para ter uma ideia mais completa do campo harmônico é preciso conhecer a estrutura do sistema tonal e suas escalas.
O sistema tonal é um sistema que fundamenta a música ocidental em grande parte. Este sistema foi sendo formado e solidificado aos poucos. Vale lembrar que ele foi se constituindo juntamente com o aparecimento dos acordes e do pensamento cordal vertical da música barroca.
Outros fatores importantes para a consolidação do sistema tonal, foram o repertório e textos teóricos de alguns compositores que se dedicaram a sistematização e síntese do sistema tonal, entre eles estão JS Bach e Jean Philippe Rameau.
Basicamente, o sistema tonal ocidental possui 24 tonalidades divida entre dois modos, o maior e o menor. Porém para entendermos o campo harmônico em todas as suas nuances é preciso primeiro saber como se constituem as escalas maiores e menores.
Escala diatônica maior
A escala diatônica maior é uma escala que se originou do modo gregoriano de nome jônico e que possui uma sequência de sete notas em uma estrutura de intervalos melódicos dividida em tons e semitons. Vale lembrar que o intervalo de tom é o dobro do semitom. Portanto as notas que possuem intervalos de semitons são mais próximas. Todas as escalas maiores seguem o mesmo padrão, ou seja: tom, tom, semitom, tom, tom, tom, semitom.
Por exemplo:
Escala de dó maior
DO - -tom - - RÉ - - tom - - MI semitom FA - - tom - - SOL - - tom - - LÁ - - tom
I II III IV V VI
- - SI semitom DO
VII VIII
Ordenação das escalas maiores
A escala é ordenada por graus que na maioria dos métodos são simbolizados por números romanos. No entanto, é importante notar que entre o III e o IV grau a distância entre as notas é de um semitom (meio tom) e entre o VII e o VIII graus também.
A partir desta escala de dó maior todas as outras escalas maiores seguem o mesmo padrão.
Exemplos:
Escala de sol maior
SOL tom LÁ tom SI semitom DO tom RÉ tom MI tom FA# semitom SOL
I II III IV V VI VII VIII
Obs. O fá passou a ser sustenido para seguir o padrão de semitom. A partir desta escala os sustenidos servirão para adequar a escala ao padrão: tom, tom, semitom, tom, tom, tom, semitom.
Escala de ré maior
RE tom MI tom FA# semitom SOL tom LÁ tom SI tom DO# semitom RÉ
I II III IV V VI VII VIII
Obs. O fá e o do são sustenidos para se adequar ao padrão das escalas maiores. As demais escalas maiores seguirão sempre o mesmo padrão, portanto o número de sustenidos irá aumentar. Existem também escalas maiores com bemóis. Exemplo:
FA tom SOL tom LA semitom SIb tom DO tom RÉ tom MI semitom FA
I II III IV V VI VII VIII
Campo harmônico maior e tríades
O campo harmônico é basicamente uma escala de acordes. No entanto, os acordes são gerados pelas superposições de terças. Porém, para definirmos o que é uma terça, precisamos voltar nas escalas maiores.
Em uma escala de dó maior quando eu pulo uma nota eu adquiro uma terça. A partir desta terça é construída a tríade formada por duas terças superpostas
Exemplo:
DO tom RÉ tom MI semitom FA tom SOL tom LÁ tom SI semitom DO
I II III IV V VI VII VIII
Entre o DÓ e o MI eu tenho uma terça de dois tons se eu somar um tom do DO ao RÉ e um tom do RÉ ao MI. Esta terça é chamada de terça maior.
Por outro lado, entre o MI e o SOL eu tenho uma terça de um tom e meio se eu somar 1 ⁄ 2 tom (semitom) do MI ao FA e um tom do FA ao SOL. Esta terça é chamada de terça menor.
Portanto: DO 2 tons MI 1 tom e meio Sol formam a tríade de dó maior, pois segundo as regras harmônicas toda tríade que possui uma terça maior superposta a uma terça menor é denominada tríade maior.
No entanto em uma escala maior eu posso encontrar outros tipos de tríades:
RÉ 1 tom e meio FA 2 tons LÁ: Esta tríade é denominada tríade de ré menor ( Dm), pois segundo as regras harmônicas toda tríade que possui uma terça menor superposta a uma terça maior é considerada tríade menor.
SI 1 tom e meio RÉ 1 tom e meio FA: Esta tríade é denominada tríade de si diminuta, pois toda tríade que possui uma terça menor superposta a uma terça menor é considerada diminuta.
Campo harmônico de dó maior
O campo harmônico de dó maior é composto de sete tríades: 3 maiores , 3 menores e 1 diminuta.
Exemplo:
SOL LA SI DÓ RÉ MI FÁ
MI FA SOL LA SI DO RÉ
DO RÉ MI FÁ SOL LÁ SI
C Dm Em F G Am B° ( cifras)
I II III IV V VI VII
C: Dó maior
Dm: Ré menor
Em: Mi menor
F: Fá maior
G: Sol Maior
Am: lá menor
B°: Si diminuto na ordenação por tétrade este acorde passa a ser meio diminuto, ou Bm5-/7: SI RÉ FÁ LÁ
Campo harmônico menor e tríades
O campo harmônico menor tem origem na escala menor harmônica. Vale lembrar que a tonalidade menor se originou primeiramente no modo eólio gregoriano. A partir de toda evolução do sistema tonal esta escala se desdobrou em escala menor natural, escala menor melódica e escala menor harmônica. O primeiro campo harmônico menor a ser estudado é o campo harmônico de Lá menor.
Campo harmônico de LÁ menor:
Escala de lá menor harmônica:
LA tom SI semitom DO tom RÉ tom MI semitom FA 1 tom e meio SOL#
I II III IV V VI VII
semitom LA
VIII
Obs. Na escala de lá menor harmônica os semitons estão localizados entre os segundo e terceiro graus e entre os sétimo e oitavo graus. Além disso existe um intervalo de 1 tom e meio entre o sexto e o sétimo graus.
MI FA SOL# LA SI DO RÉ
DO RÉ MI FA SOL# LA SI
LA SI DO RÉ MI FA SOL#
Am Bm5-/7 C5+ Dm E F G°
I II III IV V VI VII
Tríades diferentes que ocorrem no campo harmônico menor
O acorde de segundo grau é considerado meio diminuto porque na formação da tétrade (que veremos em um próximo texto) a última terça superposta é maior, isto ocorre também no modo maior: SI RÉ FÁ LÁ
O acorde de terceiro grau é considerado aumentado porque sua tríade tem duas terças maiores superpostas.
O acorde de sétimo grau é considerado diminuto porque na formação da tétrade a terça superposta é menor: SOL# SI RÉ FÁ
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